5.21.2010

Diáconos 2.0



Vem este video a propósito duma suposta polémica criada pela campanha do Mitsubishi ASX (na qual participei) e sobre a qual muito se tem escrito nos últimos dias.
O conceito da campanha é comunicar o carro como um amigo. Um conceito simples mas que acabou por ofender profundamente algumas pessoas. No entendimento dessas pessoas, uma espécie de Diáconos 2.0, é absolutamente inadmissível e deve ser fortemente condenado, a utilização propositada de um perfil em vez da suposta página. Essa necessidade de condenação levou-os, entre alguns comentário insultuosos, a enviar um email para o Facebook e para a Mitsubishi Motors no Japão, denunciando a campanha e pedindo que a agência e Mitsubishi Portugal fossem punidas por esta acção. Este comportamento dos Diáconos 2.0 demonstra uma postura, essa sim, condenável por dois motivos:

1 - Tratam as pessoas como imbecis - Estão a considerar que as pessoas que andam nas redes sociais não têm o discernimento necessário para decidir quem são os seus amigos. E por isso é preciso alguém, os Diáconos 2.0, que escolham à priori quem pode e não pode ser um possível amigo.

2 - Levam-se demasiado a sério - Munidos de um conjunto de regras (muitas vezes por eles criadas), gesticulam, ofendem-se, indignam-se quando alguém não segue os seus “ensinamentos”. Este comportamento dos Diáconos 2.0, é curiosamente contrário ao dos verdadeiros entendedores do novo mundo online que são divertidos e descontraídos. Que sugerem e não querem impor. Para se ver a diferença basta ler este artigo da Wired onde,de forma divertida é sugerido um conjunto de novas regras de etiqueta.

Aceito que não gostem do conceito, percebo se quiserem discutir quais as vantagens e desvantagens de termos optado por um perfil. Mas quando o ponto de partida da critica ignora uma das maiores vantagens da web, a liberdade de escolha, estas vozes criticas tornam-se apenas numa versão online do Diácono Remédios.

14 comentários:

Armando Alves disse...

Oh meus amigozzz,

Nao havia necessidade.
Diz o Livro das Caras, no seu capítulo 4:
http://www.facebook.com/terms.php

“You will not use your personal profile for your own commercial gain (such as selling your status update to an advertiser).”

e ainda na sua epístola 1256
http://www.facebook.com/help/?faq=12156

“Facebook does not allow users to create or upload content that advertises or promotes a product, service or opportunity. Please refrain from creating any such content in the future and remove all outstanding content to avoid receiving further warnings.”

Prontoz. Não se volte a repetir, certo? Ide agora e portainde-vos bem.

JCP disse...

Caro Diácono Alves,

Não vendemos o nosso status update a ninguém. Nem recebemos nenhum warning. Por isso suponho que esse comentário seja a outro post qualquer. No entanto, caso seja ao meu, vou tentar colocar de outra forma o meu ponto de vista. Pode ser que numa metáfora religiosa perceba melhor.
Respeito a vossa interpretação das escrituras mas não concordo com elas. As leituras da vossa família religiosa são demasiado fundamentalistas para meu gosto. Fundamentalismo esse bem espelhado no tom de alguns dos comentários de membros mais radicais no blog dissonanciacognitiva. Eu prefiro uma linha mais liberal onde, mantendo sempre um espirito de respeito pelo outro, permitimos às pessoas escolher o que querem. Fico lisonjeado com o esforço de evangelização que têm feito mas aviso que a minha conversão religiosa é impossível.
Terei o maior gosto em continuar a discutir outros assuntos mas não vale a pena continuar a falar de religião, porque dificilmente chegaríamos a um entendimento.

Ide em paz e que o senhor Zuckerberg vos acompanhe

Anónimo disse...

Como ateu que sou, preferiria uma metáfora mais relacionada com o Codex Hammurabi, até porque não estamos aqui a falar da fé cega numa religião mas sim e tão só na interpretação de um código de utilização de uma plataforma.

Em todo o caso, um tomo do Evangelho Segundo Zuckerberg parece-me um título interessante para um livro de Saramago, e se as normas do Facebook, estivessem em forma de mandamentos a coisa era de mais fácil compreensão e até tinha mais piada.

Quanto ao post em si, só para corrigir que não são os Diáconos que consideram que é absolutamente inadmissível e deve ser fortemente condenado, a utilização propositada de um perfil em vez da suposta página. Essa é uma deliberação do Sumo Sacerdote e assim foi transposta para o Livro Sagrado.

Palavra de Zuckerberg.

Unknown disse...

Acho interessante esta tentativa de victimização.

Não só interessante como demonstra perfeitamente aquilo que já tinha escrito anteriormente: a falta de ética demonstrada é gritante e por isso mesmo tomei a atitude de enviar o mail para Mitsubishi no Japão que no entretanto já me respondeu e que me manterá informado das medidas que vai tomar.

Não lhe admito no entanto que minta: Sanções, se alguém as tem que receber é a Partners e não a Mitsubishi Portugal, que é apenas uma vítima de um mau aconselhamento por uma agência que não sabe o que faz.

Acho interessante também ainda não ter havido nem um comentário sobre o uso indevido e não autorizado da imagem do Facebook que com certeza trará consequências. Acho que se chama copyright ou qualquer coisa do género.

O que Sr. JCP aqui diz é:
"As regras existem mas eu não as vou cumprir".

Fala dos verdadeiros entendedores do mundo online, como se fizesse parte do grupo, o que nitidamente não faz.

Presunção e água benta, JCP, cada um toma a que quer.

Não se esqueça no entanto que "there is no such thing as a free lunch" e que a factura pelo seu comportamento ilegal e arrogante, será apresentada.

Estou certo que o Elliot Schrage (que é a pessoa responsável na Facebook por este tipo de questões e não o Zuckenberg) fará com que isso aconteça.

Atentamente,
Fernando Fonseca "O Bufo" como o seu colega Tomás Froes me apelidou.

Também essa ofensa terá as suas consequências legais.

Vasco Gonçalves disse...

Caro JCP (que depreendo que não é o Tomás Froes),
Também eu tenho acompanhado o caso em questão.
Ainda que reconheça que a primeira abordagem por parte dos autores desse e de outros blogs em relação à situação possa ter sido muito crítica ao trabalho por vós efectuado, devo dizer que a resposta do representante da Partners foi bastante ridícula e se pode ter havido algum comentário insultuoso, decerto que o mesmo surgiu depois da demonstração de arrogância do senhor Froes.
A sua abordagem à critica apresentada é muito mais correcta, partindo desde logo para a explicação daquilo que pretenderam. No entanto, como é obvio, contém neste momento criticas ao desenrolar da situação que foi entretanto criada pelo seu colega.
Os artigos criados surgiram no seguimento de outros casos idênticos em que por desconhecimento foram criados perfis e não páginas.
Quando alguém vem afirmar que "decidiram estratégicamente não fazer o que milhares de marcas de todo o tipo fazem no facebbook, criar páginas ou grupos de fans" e não reconhece que realmente está a ir contra regras que as outras marcas cumprem e que são essas mesmas regras que as obrigam a criar páginas, chamando depois as regras (Termos e Condições) de "sugestões", só está a tentar mostrar-se um ser superior aos restantes, coisa que entretanto já demonstrou que não o é!
Tal como defendi já nesse mesmo blog, se não fosse a arrogância só tinham a ganhar e a atitude de toda a comunidade seria diferente.
O alerta foi feito. O papel de "bufo" como também já foi chamado ... também foi feito. No final logo se verá quem tinha a razão.
Boa sorte

Jonas disse...

Por acaso ainda não vi com que argumento de inovação é que defendem a comunicação do endereço errado.

Também é para serem diferentes?

Dâmaso Salcede disse...

Oiçam ao contrário da Burger King que incentivava as pessoas a apagar amigos ou da Vodafone que incentivava as pessoas a colocar o nome d amarca no status em troca d ebilhets pró rock in rio ... aqui ninguém obrigou ninguém a ser amigo do carro.

Bruno Ribeiro disse...

Caro Dâmaso,

nem a Burger King nem a Vodafone obrigaram alguém a fazer qualquer uma dessas acções. Quem fez, fê-lo porque achou que as vantagens oferecidas compensavam o acto. A questão aqui não se prende com as pessoas fazerem aquilo que bem entenderem. Toda a gente é livre de se tornar "amiga" do ASX.

A questão aqui, tal como com o caso da Vodafone, é que esta campanha viola as normas de utilização da plataforma Facebook. Tão simples quanto isso. Agora cada utilizador é livre de fazer o que bem entender, como o foi nas campanhas que mencionou.

catarina campos disse...

Mas se está tudo legal (palavra que por certo desconhecem, no sentido legalista das leis que regem copyrights e ToS nos Estados Unidos) qual é o problema da agência afinal?

(btw, fui eu quem sugeriu ao Fernando Fonseca escrever directamente para a casa-mãe no Japão, com cc à filial portuguesa; tenho alguma experiência nestes casos e os japoneses são extremamente céleres a responder e "muito certinhos" por assim dizer; a filial aqui, que não tem culpa nenhuma, poderia ir na conversa das sugestões e demais desculpas esfarrapadas da agência, volto a repetir, apenas e só no caso de todas as demarches legais não terem sido efectuadas. Se foram, pois já não está aqui quem falou).

João Almeida disse...

Caro Dâmaso, a Vodafone retirou imediatamente a sua campanha quando percebeu que ia contra as condições de Facebook.

A grande questão aqui é que há que distinguir duas coisas: colar uma campanha ao Facebook, pode-se argumentar que é pouco criativo mas nada de mais, e criar um perfil no Facebook que não cumpre as regras...


...e o argumento "nós até somos bem intencionados e só queremos dizer que o carro é amigo" é pouco convinvente

Pedro F. disse...

Esqueceram-se doutra coisa. O Facebook só permite ter 4 mil amigos. Se fosse um perfil de marca isso não seria problema. Mais um sinal de que não foi bem pensado.

31 da Sarrafada disse...

Só mais uma achega a este tema, sim?

1) Use or reference to the Facebook brand should not imply partnership, endorsement or sponsorship unless approved by Facebook Brand Marketing.

Ways you may refer to your Facebook Page:
* Do: “Find us on Facebook to discover more about...”
* Do: “Company X on Facebook”
* Do: “Check out the Company X Page on Facebook”
* Do: “Find us on Facebook”

Ways you may NOT refer to your Facebook Page:
* Don’t: “Check out the Company X Facebook Page”
* Don’t: “Company X partners with Facebook in social advertising campaign”
* Don’t: “Facebook and Company X commit to serving you better adverts”

2) Do not use icons, visuals, logos, etc. taken from the Facebook site. Instead, Facebook offers the following tools to promote your relationship with us:

Facebook Page Badge – The “Find Us on Facebook” badge provides your business with a way to promote your Page away from our website, and helps direct your customers to your presence on Facebook. This Badge can be applied in-store or on location, on the web, and in print material.

Ways you may use the Facebook Page badge:
* Do: hyperlink the “Find us on Facebook” badge to your Facebook Page.
* Do: hyperlink the name of your business within your promotional copy to your Facebook Page. For example, Company X on Facebook

You may NOT use the Facebook Page badge in the following ways:
* Don’t: hyperlink the “Find us on Facebook” badge to the Facebook log-in page.
* Don’t: hyperlink the word “Facebook” within your promotional copy to your Facebook Page. For example, Company X on Facebook


Retirado daqui:
http://www.facebook.com/pages/manage/promo_guidelines.php


Fernando Fonseca do "31 da Sarrafada"

Joe disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Paulo Querido disse...

Suposta polémica? Tendes a certeza que estáis no ramo certo?