5.15.2008

Arte sem moldura

Joshua Bell , um dos maiores violinistas do mundo tocou numa estação de metro à hora de ponta para uma multidão que o ignorou.
Uns dias antes tinha tocado no Symphony Hall em Boston onde haviam lugares que custavam cerca de 1000 dolares.
Este é mesmo um caso para nos perguntarmos se só reconhecemos arte quando está num determinado contexto. Infelizmente quando uma obra de arte nao tem moldura é praticamente ignorada por nós.

7 comentários:

Messias disse...

o sábado pôs o Tim dos Xutos na R. Garret a tocar.
O efeito também foi parecido.

http://youtube.com/watch?v=tik2kdxPpB8

arte parece que só com moldura... ou anúncio previo.

pmg70 disse...

Só por curiosidade: o violino com que o Joshua Bell tocou no metro era um stradivarius antiquíssimo.
Essa dos Xutos não sabia...

Sem querer entrar em discussões sobre o que é ou não arte, já que não saíamos daqui, sugiro que leiam Martin Heidegger - "A Origem da Obra de Arte" - edições 70

...e tenham a capacidade de se alhear do facto deste filósofo ter sido Nazi.

Sérgio disse...

O contexto e o seguidismo, gregarismo do "rebanho humano" dizem tudo. Basquiat fazia uns graffitis medonhos (na minha opinião individual)nas ruas de NY. Quando o Sr. Warhol o descobriu, o apresentou e o contextualizou na nata Nova-iorquina, a arte de Basquiat passou a ser admirada e inflacionada.

Costuma-se dizer que nós não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos. Ou neste caso, como os outros querem que nós sejamos.

Mag disse...

dá-se pelo nome de conformismo social. E fazem-se umas experiências psicosociais bem giras dd a década de 50 sobre este tema (Asch e companhias)... não fossemos nós humanos, ou não fossemos nós produto da influencia social que não confirmaríamos os nossos juízos e as nossas percepções com as dos outros, antes de emitir qualquer opinião ou acções ;)

Flip disse...

E a disponibilidade mental, não conta?

pmg70 disse...

A obra de arte, para o ser, precisa de um contexto!
O Joshua Bell a tocar violino no metro ou no Symphony Hall em Boston não é uma obra de arte.
É um artista a interpretar peças de outros artistas, que compuseram obras, que em muitos casos não são obras de arte.
Também o Tony carreira é um artista assim como a Dona Rosa tb o é e toca na rua. A musica, em si, é arte, não obra.
É uma questão pessoal as considerações que fazemos a este respeito.
Para mim aquele tipo que expôs um cão a morrer, numa galeria, é um assassino, para outros é um artista; para esses o processo de deteorização do animal será uma obra de arte.

pmg70 disse...

Há pouco ouvi Oscar Niemeyer alegar que para ele uma obra de arte se define pela emoção e pelo efeito surpresa que provoca.
O Sérgio demonstrou e bem, no caso de Basquiat, que é necessário enquadramento.
A meu ver tanto Duchamp como Warhol, mais do que artistas foram oportunistas, ambos se limitaram a subverter o sentido de objectos comuns, o que não invalida o facto de que gostaria de ter uma "Tomato Soup" na parede de minha casa, pq gosto.
Já picasso foi um génio por ter introduzido, com o cubismo, a quarta dimenção - tempo, na pintura e por sua vez noutras artes.
Chegamos ao gosto, que é como o olho do cu, já que cada um tem o seu. (perdoem-me a expressão)