4.26.2011

Direitos e deveres das marcas nacionais

Num artigo de Sara Ribeiro este sábado no jornal Sol, li como algumas marcas portuguesas estão a utilizar nas suas campanhas os valores da cultura portuguesa para criar relações de confiança com os consumidores. Esta estratégia, dizem alguns dos marketeers citados, está a ser utilizada para passar uma visão positiva do País. Alegam que sendo marcas que se preocupam com o bem estar dos portugueses, têm o direito para falar de Portugal.

Concordo mas acrescento, se têm o direito para falar de Portugal, também têm o dever de ter cuidado na forma como falam dele.

O problema é que dentro do saco da portugalidade cabe o universo representado no filme "Aquele querido mês de Agosto" ou do "Filme do desassosego". Pode estar o Portugal do Big Brother mas também pode estar o Portugal da Paula Rego.

É por isso pena, que quando analisamos a maioria das campanhas citadas no artigo e que supostamente apelam à portugalidade , descobrimos que estes hinos ao País, não passam dos tão famosos 3 F's numa versão marketing remix.

Onde as letras dos fados são substituídas por estribilhos mais ou menos pimba, o futebol é apresentado numa versão 2.0 com jogadores e adeptos de braços dados, e onde Fátima é trocada pela Fátima Lopes. Com as campanhas a serem pensadas para o publico dos programas da manhã.

Como humilde português, o meu conselho a quem quer usar as "raízes" do povo, é que em vez de tentarem colorir formulas cinzentonas, peguem nos Lusíadas e encontrem inspiração para navegar por mares nunca antes navegados.

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